terça-feira, 6 de novembro de 2018

atualidades enem 2018

Por Elida Oliveira, G1
 
"Na face do velho, as rugas são letras [...] / O que os livros escondem, as palavras ditas libertam. / E não há quem ponha um ponto final na história." No último domingo (4), estas frases do poema "Do velho ao jovem" e a frase “A minha voz ainda ecoa versos perplexos”, do poema "Vozes-Mulheres", circularam por todo o Brasil em 4,1 milhões de provas de estudantes que comparecem ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018.
As frases são de autoria de Conceição Evaristo – mulher brasileira, negra, escritora, professora, 71 anos, nascida em 1946 no ventre de uma família pobre em que mulheres e homens não tiveram acesso nem ao curso primário, "mas carregaram em si um encanto pelo texto escrito", disse a escritora em entrevista ao G1.
Todos os anos, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem, escolhe uma personalidade ou um tema para essas frases, que deverão ser transcritas por estudantes no cartão-resposta (o gabarito), que será enviado para a correção. Um etapa a mais para burlar fraudes.
A escolha deste ano dá destaque à literatura negra nacional. Conceição é reconhecida por produzir obras literárias (contos, poemas e romances) que falem da periferia do Brasil, da cultura negra de raiz africana – mais especificamente, da mulher negra brasileira.
A frase "Na face do velho as rugas são letras” estava na capa da prova rosa. “O que os livros escondem, as palavras ditas libertam” vinha na prova amarela. “E não há quem ponha um ponto final na história” estava na capa da prova branca. Na prova azul estava a frase “A minha voz ainda ecoa versos perplexos” (veja as íntegras ao fim da reportagem)
"Para mim foi uma surpresa muito grande. No momento em que soube, estava em pleno voo, voltando do Fórum das Letras de Ouro Preto. Acredito que o próprio MEC e o Inep têm professores e educadores que estão preocupados com temas atuais e textos literários que são produzidos a partir de novos lugares. Hoje se fala muito em novas narrativas. O momento presente pede isso", disse Conceição Evaristo em entrevista ao G1.

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